quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

HIV e alimentação


Estudos observacionais têm demonstrado uma relação entre comunidades que sofrem de segurança alimentar e uma maior transmissão do vírus. A pobreza e o baixo grau de escolaridade colocam a saúde em risco já que comportamentos de risco, como o não uso da camisinha, estão mais presentes. Um novo artigo publicado no PLoS Med (Weiser SD, Leiter K, Bangsberg DR, Butler LM, Percy-de Korte F, et al. Food Insufficiency Is Associated with High-Risk Sexual Behavior among Women in Botswana and Swaziland. PLoS Med n. 4, v. 10: e260. 2007), discute a relação entre insegurança alimentar e transmissão do vírus HIV.
A doença causa o emagrecimento e muda os requerimentos de energia, macro e micronutrientes dos indivíduos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que indivíduos portadores do vírus consumam 10% a mais em energia e que os indivíduos acometidos por infecções oportunistas aumentem o valor calórico das refeições em 20 a 30% afim de evitar a perda de peso.
A HIV e a nutrição estão ligados através da insegurança alimentar (falta de alimentos em quantidade e/ou qualidade suficientes). A insegurança alimentar causada principalmente pela baixa renda aumenta os comportamentos de risco fazendo com que a transmissão do vírus seja maior.
Na pesquisa o cientista Sheri Weiser coletou dados em cinco distritos de Botswana e quatro distritos de Swaziland, na África. No total 2051 adultos foram entrevistados sobre suas condições sócio-econômicas e sobre a adequação de suas dietas nos últimos 12 meses. Estes dados foram correlacionados com comportamentos de risco para a infecção pelo HIV, como uso da camisinha, quantidade de parceiros, troca ou pagamento de sexo por dinheiro, comida ou outros recursos. Os resultados foram alarmantes uma vez que mostraram que 32% das mulheres e 22% dos homens experimentaram algum grau de fome nos últimos 12 meses.
A insuficiência de alimentos esteve relacionada com comportamentos de risco para a infecção por HIV, principalmente em mulheres. Para os formuladores de políticas públicas esta pesquisa mostra a obrigação de considerar o alívio da fome como um componente dos programas de prevenção e controle da AIDS.
 Esse tipo de pesquisa precisa ser investigado em outros países, inclusive no Brasil, através de metodologias que possam quantificar influências ambientais como a produção e o acesso ao alimentos na disseminação do HIV. Acabar com a fome obviamente não elimina o problema da AIDS, porém ignorar a falta de alimentos as quais muitas pessoas são submetidas definitivamente não contribui para a prevenção da doença.




Fonte do texto: <http://medicine.plosjournals.org/perlserv/?request=get-document&doi=10.1371/journal.pmed.0040301>   

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